segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A dor emocional também é física

Frequentemente, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão e outras condições, tal como transtorno obsessivo-compulsivo, por exemplo, ouvem frases como: "Isso é tudo da tua cabeça.", "Há pessoas com mais problemas que tu.", "Pelo menos não tens nenhuma doença.", "Vai tudo ficar bem.", whatever. No entanto, não, não é "só da cabeça"; não, os problemas não são maiores ou menores, são subjetivos e cada um sofre à sua maneira e sente ao seu jeito; e sim, a pessoa sofre de alguma patologia, que merece tanta atenção quanto sintomas de determinadas doenças físicas. Pessoas com ansiedade não precisam que lhes digam para se acalmarem, para "não pensar nisso"; pessoas com depressão não precisam que lhes digam que há problemas maiores que os delas ou que está tudo bem; pessoas com TOC não precisam que lhes digam que estão a ser loucas e nada do que façam pode mudar o rumo das coisas. Este tipo de pessoas precisa de atenção, precisa de conforto, não precisa de ser contrariada, mas sim, na maior parte das vezes, de ajuda de um profissional que não lhe atire banalidades à cara, como faz a maioria dos familiares, colegas, amigos, etc, sem ter noção do mal que fazem.
Li, por estes dias, um texto que tinha por base um artigo que, entre outras coisas, refere que quem sofre de ansiedade perceciona o mundo de forma diferente, devido a alterações que ocorrem na capacidade de o cérebro organizar a informação (ou seja, também é um problema físico!). E em que sentido? Pessoas ansiosas terão uma menor capacidade para distinguir estímulos nocivos de estímulos não nocivos, o que pode gerar medo sobre coisas em que este não seria necessário ou adequado. O que acontece é que a pessoa, além de ter pensamentos que os outros consideram exagerados sobre tudo, tem também a tendência para generalizar um acontecimento que despoletou determinada emoção negativa e terá, assim, tendência para acreditar que mais acontecimentos daquele género acontecerão, o que pode ser muito incapacitante. E o mais importante e que quero que retenham? É que isto acontece mesmo no cérebro, não são meros tiques, não são coisas insignificantes e muito menos algo do qual a pessoa seja culpada ou que possa controlar, ou até acalmar através de frases de "apoio" que, muitas vezes, só agravam a condição por criar um sentimento de falta de controlo sobre si mesmo ou de inferioridade em relação aos outros, por exemplo.
Para a questão mais aprofundada, deixo-vos então, aqui, o texto que li e o link do artigo em que foi baseado:
Em suma, a verdade é que as doenças e transtornos mentais devem ser alvo de tanta preocupação como as doenças físicas e requerem o mesmo nível de cuidados e de suporte. Os pensamentos constantes, que surgem em catadupa e que se mostram, muitas vezes, perturbadores, são incontroláveis, incapacitantes, criam alguém que, definitivamente, não existiria antes deles... Por esse motivo, e apenas digo isto porque a sociedade em geral, infelizmente, não está consciencializada o suficiente, há que dar o devido valor e importância aos problemas de alguém que poderá estar a lutar, todos os dias, contra os seus próprios demónios.

2 comentários:

  1. Excelente post!
    Todos nós enfrentamos os nosso demônios de cada dia, com ou sem disturbio!

    www.sramaia.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada! :)

      Sim, infelizmente é verdade, no entanto a distinção encontra-se entre aqueles que conseguem ter controlo sobre si mesmos e ver as coisas de forma mais objetiva, e aqueles que precisam realmente de ajuda porque existe um problema maior, seja ansiedade ou qualquer outra coisa, que os impede de prosseguir e de ver as coisas de maneira diferente.

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...