sexta-feira, 15 de junho de 2018

Um ano depois...

Imagem retirada da página Castanheira de Pera
Castanheira de Pera, 2018
Podia estar entusiasmada com a aproximação do meu aniversário, com o facto do blogue fazer dois anos (já dois anos?!) ou até por estar, finalmente, no fim da minha licenciatura... Mas estou triste, ando triste só. Tenho tantos motivos para estar feliz, tenho pessoas maravilhosas à minha volta, sinto a vida minimamente sob controlo (e eu que gosto de controlar tudo...), tenho realizado os meus objetivos, mas não estou bem, confesso. Nunca voltei a ficar realmente bem depois daquele pesadelo... Sei que não sou fraca, mas estamos numa altura em que ser de Castanheira de Pera e ter estado no meio daquilo que aqui se viveu é demasiado pesado. Eu não passei absolutamente nada em comparação ao que tantos sofreram, mas continuo a sonhar com as chamas e a acordar em pânico, sonho com o fumo, com casas a arder, com pessoas a gritar. Tantas e tantas vezes, olho pela janela e parece-me ver uma coluna de fumo ao longe, onde há uma nuvem ou até nada, é só o meu medo. A minha ansiedade sobe com o cheiro das queimadas... E aquela maldita antena, na encosta de lá, arde na minha mente, de cada vez que vou à varanda. 
Sinto o dia 17 a aproximar-se e algo dentro de mim parece ter a certeza que vai acontecer tudo de novo, embora saiba que, pelo menos aqui, deve ser impossível. "Vamos morrer", pensava, enquanto não se via nada à nossa frente, tal era quantidade de fumo na rua, mal sabendo eu o que, por aquela hora, já tinha acontecido a tantos... E acredito ter sido isso que me marcou ainda mais: nós estávamos sem comunicações, sem meios que nos permitissem saber o que se passava a uma distância tão curta de nós e, enquanto tudo acontecia, eu estava numa espécie de bolha, com medo mas minimamente protegida. A informação, o número de mortos, de feridos, de perdas, as imagens (repetidas, ainda hoje, vezes sem conta), os testemunhos, o pânico de uma comunidade a ser mostrado, constantemente, durante dias, semanas, depois de já ter acabado tudo, foi escavando uma marca ainda mais funda. 
Não acredito, realmente, que sou fraca, mas lido com as coisas de forma demasiado emocional, fico presa aos acontecimentos. Talvez seja a minha ansiedade, talvez a minha personalidade, não sei... Mas uma coisa é certa: sinto-me incapaz de "celebrar" ou participar em "comemorações" de uma data que gerou tanto sofrimento a tanta gente, que continua a ter repercussões na vida daqueles que estavam aqui, naquele momento. E quando dizem que não devemos esquecer o dia 17 de junho de 2017, peço desculpa, mas eu só queria, por vezes, conseguir apagar da minha memória o que aqui aconteceu. E peço desculpa também àqueles que têm uma forma diferente da minha de lidar com a situação e de, talvez, superar o que aconteceu, mas eu não consigo aceitar que relembrar seja fazer menções honrosas (com todo o meu respeito, consideração e apreço a todos aqueles que sofreram para ajudar os outros, claro!), nem é erguer estátuas, nem fazer daquele dia uma espécie de feriado. Relembrar, para mim, seria introspecção, seria pedir paz - pensem em fé, se assim entenderem. Seria ainda, em comunidade, repensar os erros e corrigi-los, seria tomar como exemplo tudo de mau que aqui aconteceu para que não voltasse a acontecer em lugar nenhum... Mas vem aí o verão e duvido que algo tenha sido verdadeiramente feito. 

domingo, 7 de janeiro de 2018

Por um ano melhor...

Preparem-se os corajosos porque o texto é grande...

Há quem ache que, ultimamente, é o meu trauma que fala sempre mais alto. Há quem ache que o que se viveu durante o último ano da minha vida ninguém vai esquecer. E eu acredito. Eu sei que já falei nisto e eu sei que já disse o quanto 2017 foi mau, o quanto desejo que mais nenhum aniversário meu coincida com uma tragédia... Mas também sei que não farei, nunca mais, 20 anos. E o dia em que se assinalaram as duas décadas da minha vida ficará para sempre marcado. Peço desculpa se não consigo mudar de assunto, mas ele voltou agora à tona, só porque sim...
Estava a ver alguns textos antigos do meu blogue e apareceu-me o texto "Um resumo dos últimos tempos", lembro-me como estava quando o escrevi, sabem? Estava feliz! A minha ansiedade andava longe, a vida estava a correr bem, no geral. Estava a correr tudo tão lindamente que nem tinha "motor" para a minha escrita - o sofrimento, a dor. E senti uma ironia tão dolorosa no ar, no universo, ao ver este texto, agora, sabendo o que aconteceu, passado um mês de ele ter sido publicado. Eu não quero explicar o que ocorreu, outra vez... Uns sabem, não se falava noutra coisa, outros viveram (até bem mais que eu), a outros passou-lhes ao lado, talvez felizmente. Quem me segue sabe que só tive coragem de falar feitos dois meses, mas a verdade é que nunca mais fui a mesma, acreditem ou não. Quando assistimos a tamanha catástrofe, quando vemos o local onde crescemos a ficar destruído e, depois, a ser constantemente noticiado pelos motivos mais tristes, deixamos de ser os mesmos, e não quero que entendam, porque para entender verdadeiramente precisavam de o ter vivido, e não desejo a ninguém que veja tanto negro à sua volta.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Aos recomeços

Eu gostava de ti, mas gosto mais de mim.
Gosto de como, afinal, consigo viver sem a tua presença, sem falar contigo. Antes, não sabia que isso era possível...
Gosto de não depender emocionalmente de alguém que nunca me fez acreditar em mim mesma. Eu era escrava da minha obsessão por ti, sabes? Aposto que soubeste o tempo todo, não te julgo.
Gosto de não ter de te contar que ontem, ou no outro dia, saí com alguém mais interessante do que esperava e me diverti. Porque eu sei que mereço muito mais que a solidão que carrego, tantas e tantas vezes.
Gosto de sentir que eu posso ser tudo o que queria ser e que isso só me é possível desta forma, longe de ti, das nossas conversas fiadas, dos teus poucos motivos e vontades. Se calhar, eu só queria ser livre, porque sou, e não entendia isso.
Gosto de saber que estou sozinha mas que, no final de contas, posso estar com quem quiser, quando quiser, ou na minha própria e única companhia, apenas. Afinal fizeste-me aprender a viver com os meus altos e turbulentos pensamentos. Obrigada por isso.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Quando é que este ano para de ser uma m*rda?

Eu não sou derrotista. E eu não digo coisas destas. E não me costumo queixar assim tanto. Mas este ano superou todas as expectativas em relação ao que é ser um ano mau. Então, prefiro ser cliché e acreditar que novos anos trazem novas coisas.
A partir do momento em que em pedi que 2017 fosse melhor que 2016, sinto que agoirei, sinto que troquei prioridades na hora de pôr as doze passas na boca, não pensei nas pessoas importantes em favor daquelas que prometiam ser temporárias, talvez. Pedi sucesso para a minha vida e esqueci-me de pedir que tudo à minha volta fosse tão bem sucedido quanto eu. Mas nem eu fui bem sucedida. Deixei-me ir abaixo, discuti com pessoas, fiquei de mau humor, não estudei tanto quanto devia, faltei a aulas e, acima de tudo, perdi parte do que era, só porque deixei. Perdi, também, pessoas importantes, vi outras a sofrer. Vi perdas, dor, solidão e desespero. E senti-me sempre no meio do furacão, embora há quem diga que eu sou a tempestade natural. Não sou, estou sem forças, exausta.
Prometo que daqui a 30 dias vou ponderar os meus desejos. A minha terapeuta costuma dizer que eu não posso controlar o que vai fora de mim, mas eu não quero acreditar... Então, só espero que 2018 não seja o segundo capítulo de um 2017 que me deixou no fundo do poço. 

sábado, 23 de setembro de 2017

E agora?

Quero arrancar-te a ferros de mim, destruir-te como destróis constantemente tudo aquilo que sou e tudo aquilo em que acredito. Quero espezinhar-te, limpar-te de mim, não ter resquício teu no meu corpo ou na minha mente. Quem me dera esquecer tudo, apagar aquilo que foste e tudo quanto fizeste, bom e mau. Anular aquilo que sinto e perceber que sou tudo sem ti e um farrapo quando me deitas ao chão.
Podia simplesmente fazer-te desaparecer do meu mundo e não mais me lembrar que tu foste tanto e tão pouco. Mas não posso, não consigo. Não tenho forças e não quero ter. Porque tu mentes e eu não sei como acreditar nas verdades que conheço, naquilo que me escondes e eu descubro, sabe o Universo como.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Machismo e pressão estética na praia | Como reagi

Olá, olá! Já escrevi este texto há alguns dias, mas continuava com dúvidas em relação a publicá-lo. Voltei ontem de Porto Covo, o meu querido Porto Covo, mas nem as férias me pouparam de assistir a cenas tristes, e claro que tinha de vir falar no assunto. Houve um dia em que cheguei a casa extremamente triste ou revoltada, não sei bem. Não é que coisas como a que vou descrever me deitem abaixo, é apenas uma revolta por ainda existir gente assim... Antes de mais, vale referir que acredito profundamente que ninguém é obrigado a gostar de ninguém e tenho de me limitar a aceitar que há gente que não gosta de gordos, em especial de mulheres gordas, ou fora do padrão de beleza em geral - é um facto que não posso negar mas que não me afeta pessoalmente -, embora não consiga entender como alguém consegue dividir os outros em categorias, de forma a rebaixar alguém. Mas sejamos gordos ou magros, homens ou mulheres, todos merecemos respeito!
Então, estávamos na praia, super descansados, já depois de almoço, quando aparece um trio de seres do género masculino - porque não os quero tratar mal - a fumar erva e a ouvir músicas com letras duvidosas - mas nada contra, até aqui, pois cada um faz e ouve o que quiser. Os três "meninos" vêm acompanhados por uma moça que parece salvar a situação, mas nem por isso, vejamos à frente.
Desde que se acomodam começam a ser desrespeitosos ao deitar fumo para cima de nós, mas tentamos ignorar. Depois a situação começa a piorar: estavam quatro moças deitadas, a apanhar sol, à nossa frente, e três delas faziam topless, e eles, achando-se no direito de comentar o corpo de uma mulher, lançam frases como "Já vi maior", "Já vi melhor" ou "Nunca vi tantas mamas juntas", até que se levantam e vão dar uma volta junto das toalhas delas.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Vencedora do Passatempo Pseudo Psicologia Barata & For Princesses

Olá, olá!
Já temos a vencedora do PASSATEMPO, que estava a decorrer desde o dia 23 de agosto.
Através do gerador de números aleatórios Random.orgo número sorteado foi o 51, correspondente à participante Cátia Sobral
Parabéns e obrigada a todos pela participação!

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Parceria: Passatempo Pseudo Psicologia Barata & For Princesses

Olá, olá!
Se seguem o blogue, sabem que fizemos um aninho em junho e a intenção era oferecer algo a quem me lê, quem me segue, no entanto as condições para preparar algo não foram as melhores, dados os últimos acontecimentos. 
Então, como não podia deixar que acabasse o verão sem vos oferecer algo, em parceria com a marca For Princesses, estamos a sortear uma das pulseiras da foto, à escolha do vencedor. Não são um mimo? 
Se quiserem ver mais coisinhas super fofinhas, quer para as princesas maiores quer para as princesinhas mais pequenas, passem lá na página! 
E, se quiserem participar, visitem a página do blogue no Facebook ou sigam as regras que vos apresentamos no formulário (para acederem ao formulário, basta clicarem na foto acima).
Não se esqueçam que, antes de tudo, devem ter "Gosto" em ambas as páginas, ok?
Boa sorte!

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