domingo, 12 de março de 2017

Quantas molas já perdi?

Ando há demasiado tempo a "engolir" este tema e decidi pôr cá para fora... Se estão em Portugal, creio que já assistiram a uma publicidade televisiva, relativamente recente, de um "remédio milagroso" que promete emagrecer e queimar sei lá oquê: Depuralina. Esta marca já não é nova e já não é de agora que me perturba com a publicidade estúpida... Se o objetivo deles é causar impacto, causam, mesmo que seja pela negativa! 
Agora o anúncio deles toma duas formas de "pseudo" slogan, um deles trazido pela atriz Dânia Neto (e atenção, que não tenho nada contra ela!) que, colocando molas de estender a roupa no espaço que sobra de umas calças largas na cintura, pergunta "E tu? Quantas molas já perdeste?". Já em outro anúncio muito semelhante, aparecem mulheres - que nem sequer são gordas - que parecem sentir a necessidade de emagrecer pois dentro delas há alguém "mais leve", "mais saudável" e "mais forte" e só a Depuralina e o seu milagre podem ajudar e podem, passo a citar, "apresentar a magra que há nelas". Será que eu já conheço a magra que há dentro de mim?, é a questão.
Então vamos a respostas pois considero estas perguntas deveras importantes! Bem, é assim... Molas? Se isso for uma nova medida para avaliar o grau de paciência, já perdi muuuitas molas a ver estes anúncios. Relativamente a molas a sério, yah, às vezes a estendar a roupa perco uma ou outra, ou até as molas do cabelo, mas nunca as contei, não é? Então, não sei quantas perdi, Depuralina, desculpem! 
Relativamente à magra que há em mim, não sei que vos dizer. Das duas uma: ou ando muito enganada e há algum ser magro dentro de mim que só a Depuralina conhece, ou então este anúncio é só perfeitamente estúpido, preconceituoso, desrespeitoso até... Sim, sou gorda. Não, não há nenhuma magra dentro de mim, pois gosto de comer mas ainda não virei caníbal, credo!
Mas fora de paródias, acho que os media continuam a ter bastante culpa na falta de autoestima de tantas mulheres, na falta de autoconfiança, no desejo constante de mudar e de ser alguém diferente daquilo que se é e até daquilo que, no fundo, se quer realmente ser. Felizmente, tenho os olhos e a mente cada vez mais abertos para estas questões e dou graças por isso, pois consigo deixar de lado aquilo que me pode fazer mal, alguma vontade ou desejo de mudar que só me deixaria mais amarga, e entender que sou linda, maravilhosa, do jeito que sou, sem precisar de "perder molas" ou "descobrir uma magra dentro de mim". E gostava que as outras mulheres também pensassem assim...

16 comentários:

  1. A sociedade nunca vai mudar o pensamento dela, se a mídia continuar colocando essas bobagens na nossa cabeça.

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  2. A falta de autoestima das mulheres é realmente um assunto que deve ser discutido, seja por término de relacionamento ou pelo padrão imposto pela mídia. Achei maravilhoso você pensar nesse tema para escrever, um beijão!

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  3. Adorei o texto! Você sempre sambando na cara da sociedade! É isso, aí! O comércio enriquece em cima dessa venda de padrões. Tem muita mulher com baixa autoestima por conta disso. Odiei estas expressões que você disse que foram utilizadas na publicidade para a venda deste medicamento. Que ridículo! O que a gente precisa valorizar é a nossa beleza interior, o nosso caráter... E lembrar sempre de cultivar o nosso amor próprio! Amei, Bia! Muito show!

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    1. Disse tudo, amiga! Mas ainda vale ter esperança que este tipo de coisas vai ser proibida e que vai existir incentivos, sim, ao amor próprio... Utopia? Talvez! Mas quero acreditar :)

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  4. Esses anúncios nunca acabam! Muitas pessoas querem o fácil na hora de mudar o corpo. Mas ser gorda não é problema, a questão é se sentir bem consigo mesmo. Adorei o texto. Beijos

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  5. Muito dificil encarar tudo de frente como realmente tem que ser.

    Beijos

    http://www.dheiamartins.com.br/

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  6. Baixa auto-estima vende muita droga que faz mal ou nao cumpre o prometido. Mas isso faz parte desse mercado capitalista e inescrupuloso das empresas farmacêuticas.
    Parabéns pelo post e até mais!

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    1. Verdade. Isto acabando tendo tudo a ver com o consumismo e com o capitalismo exacerbado...

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  7. Pois eu penso como tu <3
    Sou estudante de Publicidade e Propaganda e já sei que tipo de publicidade não fazer, acho isso uma falta de respeito com o próximo.
    Aqui no Brasil tem um órgão chamado CONAR, que regulamenta esse tipo de publicidade, ver se ai em Portugal também tem.
    Beijos

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  8. Penso bem como você também! A media impõe um padrão irracional de beleza, completamente irreal, e espera que todos se adaptem e aceitem isso. Seu título ma chamou bastante a atenção. Arrasou no texto <3

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  9. Olá! Confesso que essas propagandas de produtos para emagrecer tem uma publicidade tão ridícula que fica sempre entre o ofensivo ou piada... Eles nunca apelam para o que e fundamental: emagrecer só é algo que entra em questão não por estética, mas por saúde... Mas aí seria divulgar um slogan que acabaria com eles, porque a maioria desses remédios são uma porcaria pro corpo pior que qualquer McDonalds

    bjs

    Inajara

    www.vintageandgeek.com.br

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  10. Tal como em Portugal no Brasil não é muito diferente. De cabeça e sem fazer muito esforço, citaria 3 desses produtos milagrosos: Reduclin, Seca Barriga e Slim Shake, rs. Não falta imaginação p/ essas companhias, kkk.

    A título de curiosidade, não usei nenhum, rs, meu problema sempre foi o contrário: dificuldade em engordar, rs. Enfim, a coisa toda não tem limite, rs.

    Abraço, Bia.

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  11. Essas empresas não tem limite mesmo! E essa coisa que é implantada na cabeça das mulheres, essa ditadura da beleza em que nenhuma mulher consegue se enquadrar sem cirurgias! Eu sei quanto esses anúncios são ofensivos, não por ser gorda, mas por ser mulher! colocar uma mulher magra encontrando a magra dentro de si e contar as molas que perdeu!! Isso foi ridículo da parte deles! É voce não esta sozinha.. compartilho tambem desse pensamento com vc!

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  12. A vida realmente é algo engraçado, e as vezes se torna tão complicado quando as pessoas estabelecem padrões sem fundamentação alguma, fazendo com que as pessoas não sintam-se bem consigo mesmas. Uma amiga minha sempre vai contra isso, e sua celebre frase é "Ponham a cara no sol, manas. Sejam vocês mesmas, ser "estranha" é natural.

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  13. Concordo totalmente contigo, lamentável esse tipo de publicidade. Felizmente que a cada dia mais as pessoas vão abrindo olhos umas das outras contra essa padronização estúpida.

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  14. É triste, né? As empresas abusam dos pontos fracos dos clientes, vendendo aquilo que a mídia os faz acreditar necessitar. E as pessoas ainda dizem que o mundo está acabando por casais lgbtq e movimentos liberais...

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